Dificuldades sensoriais podem provocar comportamentos. O que fazer?


Como vimos no post anterior, existem crianças que são mais responsivas a estímulos sensoriais, ao que na linguagem da Integração Sensorial (IS) chamamos, hiper-reatividade, ou seja, reagem com menor tolerância à aceitação de estímulos sensoriais.

Enquanto que outras crianças são menos responsivas a estímulos sensoriais, a que se dá o termo de hipo-reatividade, ou seja, demoram mais tempo a registar as sensações e por isso procuram mais frequentemente atividades ou ações de forma repetida, com o intuito de receber e registar essas informações no seu cérebro.

Neste post encontra sinais/comportamentos de crianças com hiper-reatividade e hipo-reatividade.

Como é que nós adultos podemos ajudar? 

Antes de apresentar algumas estratégias, vamos primeiro falar de outro conceito importante relacionado com esta diferença de reatividade sensorial que cada criança tem.

Ao sermos expostos a estímulos que não gostamos, o nosso cérebro assume essa mensagem como 'perigo', 'ameaça' e o processo flight-fight-freeze entra em ação. O fight-flight-freeze é uma resposta fisiológica que todos nós temos como modo de sobrevivência.

Então, vamos a um exemplo. Uma criança com hiper-reatividade sensorial tátil é exposta a situações como cortar o cabelo, cortar as unhas ou brincar com os colegas numa piscina de bolas. Como acha que esta criança vai reagir? Vai certamente chorar, correr, evitar e sentir-se muito assustada certo? Ora, todos estes estímulos ativaram a resposta fight-flight-freeze e causaram comportamentos e reações que podem não passar imediatamente e causar uma birra ou conflito.

Então, a minha questão aqui é sublinhar o facto de que muitas vezes, vemos comportamentos em crianças como evitamento, choro, birra, medo, movimentos atípicos ou agitação que podem estar  relacionados com experiências sensoriais que aconteceram previamente a esse comportamento se suceder.
Precisamos de trabalhar na auto-regulação da criança e ensiná-la a se a auto-regular quando apresentada com estímulos sensoriais que desorganiza o seu comportamento. A auto-regulação corporal é outra área que poderá ser abordada noutro post.

E agora sim, vamos falar então de algumas estratégias que podem ajudar na regulação da criança com dificuldades sensoriais.

Estratégias sensoriais para acalmar o estado de alerta de uma criança. 

Tátil (Toque)
  • Toque firme e consistente, abraçar o corpo da criança com frequência e firmeza, massagens, uso de brinquedos com vibração nas mãos e costas da criança
Olfacto (cheiro)
  • Uso de fragrâncias, óleos essenciais como lavanda ou camomila na almofada da sua cama ou como ambientador do quarto.
Input motor-oral (boca)
  • Mastigar ou triturar barrinhas energéticas, pipocas ou outros alimentos crocantes, beber água por garrafas de água de desporto, beber um smoothie por uma palhinha, comer frutos secos como nozes ou uvas passas que obrigam a triturar e a usar os músculos da boca.
Visão
  • Use luzes menos fortes, promova uma ambiente ameno, escolha um espaço da casa onde possa ter uma tenda com os brinquedos/objetos preferidos da criança. O ambiente deve estar organizado,calmo e arrumado para que não afete visualmente a criança e promova distração.  
Audição
  • Promova um ambiente silencioso,sons suaves e de tom baixo. Se a criança gostar use white noise. Se não gostar, mantenha apenas a linguagem curta e suave e poucos movimentos corporais.
Movimento
  • Promova movimentos rítmicos, lentos e horizontais, de um lado para o outro. Se tiver um baloiço hammock ou uma rocking chair será uma ótima alternativa para gerar um movimento calmo.
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Proprioceção (atividades de carga, para os músculos e articulações do corpo)
  • Proporcione atividades que exijam ações como  puxar, empurrar, levantar, pular, escalar/trepar. Como por exemplo, empurrar cadeiras para debaixo da mesa, puxar uma caixa com livros ao longo do corredor, saltar no colchão. 
Para um próximo post podemos falar de estratégias para aumentar o estado de alerta da sua criança, quando por exemplo a sua criança se encontra mais desconcentrada ou com níveis de energia mais baixos.

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